'Vinho também é turismo', diz dono de adega com 2.400 rótulos em Curitiba

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 Em uma cidade fria como Curitiba, trocar a tradicional cerveja pelo vinho não é uma opção que parece de todo inusitada. Foi desta forma que pensou Junior Durski em 2006, quando, motivado por uma “fatalidade”, resolveu criar a sua própria adega e fazer dela referência nacional no segmento.

Durski confessa que até pouco antes da abertura do negócio era fã apenas de cerveja e vodka. “Até que um dia acabei indo a uma adega e comprei vinhos, mas comprei todos errados”, relembra Júnior, que é chef de cozinha dos restaurantes Durski e Madero. Os R$ 20 mil investidos de forma equivocada foram o combustível para que Durski começasse a estudar sobre o assunto. “Pensei ‘agora então vou ter que acertar a minha compra’, quando eu resolvi fazer uma carta de vinhos sem entender fiz uma bobagem”.

O que começou como estudo, logo passou a ser paixão. “Muito rapidamente eu vi que vinho é muito melhor do que cerveja e vodka, que eu nunca mais tomei. Fui me apaixonando cada vez mais pelo negócio”. E como todo apaixonado, o chefe não mediu esforços para montar sua adega. São cerca de 2.400 rótulos de países de todas as partes do mundo, e uma estrutura de três andares, blindada, que armazena as bebidas de acordo como convém a cada uma. “Eu tenho isso em mim, de fazer bem feito e fazer grande”, avalia.

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Alguns rótulos se destacam entre toda essa variedade, seja pela safra, preço, qualidade, ou história. O vinho mais longevo da adega Durski é um Taylor’s Scion, um Vinho do Porto que data de 1850, e custa R$ 26 mil. “Apesar de ser de 1850, ele foi engarrafado no ano passado. Essa vinícola comprou uma outra, em Portugal, e quando eles foram reformar viram no fundo de uma parede falsa dois barris de vinho. Experimentaram e o vinho estava maravilhoso, porque estava dentro daquele ambiente, decerto por conta das guerras”, contou Júnior.

Apesar de este exemplar estar em boa forma, Durski alerta que a máxima “quanto mais velho o vinho, melhor” é apenas mito. A qualidade da bebida depende de uma série de variáveis, como a safra, se ele está pronto para o consumo, se ele vai evoluir mais. Ele lembra de uma situação em que um produtor francês lançou um desafio a Durski e outros 15 especialistas – diferenciar, na taça, qual vinho era vendido por € 6, e qual era vendido por € 600. O mais barato foi escolhido pela grande maioria. “Ele estava em um momento melhor, estava no auge. O outro ia precisar de mais 10 anos para chegar lá. Ele vai evoluir e vai se tornar um vinho fantástico em 2020”, assegurou. Esse auge, segundo Durski, dura entre dois e três anos.

A adega comporta alguns vinhos de valor bastante elevado. Para sair do estabelecimento levando um Château D’Yquem produzido em 1904, o mais caro do local, o cliente terá de desembolsar a quantia de R$ 36 mil. De acordo como chefe, esse é um valor praticamente hipotético, já que ele nunca vendeu um vinho nessa faixa de preço. “Não é nem 0,1% (do total de venda), é 0% mesmo)”. Durski explica que mantém esses vinhos por ser um colecionador, para ter uma carta de vinhos de qualidade, e também por considerar como um investimento.

“Vinhos desse tipo têm valorização comparável à da Bolsa de Valores, ouro, e coisas do tipo. Esse Château D’Yquem, por exemplo, tem poucas garrafas no mundo, e todo ano alguém se emociona e acaba tomando uma, isso valoriza”, conta Durski, sustentando que também há o contra-peso da falta de liquidez. “Se eu resolver vender hoje não vende, é igual obra de arte”, afirmou. Ele também acredita que se a carta de vinhos possui essas opções, instiga automaticamente as pessoas a consumirem uma bebida um pouco mais cara.

Para quem prefere não gastar tanto em um vinho, a adega também oferece garrafas a preços mais acessíveis, como o argentino Alamos Malbec, safra 2009, que é vendido por R$ 45. Também são opções as meia-garrafas, e 1/4 de garrafa. A carta completa pode ser acessada no site do Durski.

Turismo
Com tantas opções, a adega Durski virou um centro de referência sobre o assunto em Curitiba, e também no Brasil. Com prêmios nacionais no currículo, o estabelecimento recebe constantemente visita de especialistas, colecionadores e interessados. Durski conta que médicos de todo o mundo vão conhecer o local.

Dentre as visitas ilustres, Durski se lembra de uma passagem do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, já depois de ter deixado o cargo. “Um dia estávamos eu e ele na adega conversando sobre vinhos, aí ele pegou um Romanée-Conti de 1978 e falou: ‘Júnior, esse vinho aqui é fantástico’. Eu respondi: ‘Diga que vai ser candidato a presidente de novo que eu abro a garrafa’.”

Futuro
Durski não planeja uma expansão da adega, mesmo porque não existe nenhuma premiação para a maior variedade de rótulos, o que o motivaria. O objetivo agora é mantê-la atualizada com as novas safras que entram no mercado. “Eu não sossego, se eu posso fazer melhor, eu vou fazer melhor”, finalizou.

Serviço
A adega Durski fica na Avenida Jaime Reis, 254, centro de Curitiba
(41) 3225-7893

O Restaurante Durski abre de terça a quinta-feira, das 19h45 às 23h. Sextas e sábado das 18h45 às 23h30.
(41) 3225-7893

O Restaurante Madero Prime abre de segunda a quinta-feira, das 12h às 14h30 e das 19h45 às 23h. Nas sextas das 12h às 14h30 e de 19h45 à meia-noite. Aos sábados das 12h às 15h30 e das 19h45 à meia-noite. Domingos das 12h às 22h.
(41) 3013-2300