Dinheiro embaixo do colchão? Melhor colocá-lo na adega


Não foi fácil para Brian Mota trocar seu conhecido terreno de investimentos em participações por investimentos em vinhos. Mota, 38, estava avaliando oportunidades de investimentos mais convencionais na WallerSutton Capital, em Connecticut, após deixar a unidade de banco de investimentos do JPMorgan. Então, vislumbrou uma forma de encarar os vinhos de forma similar. Associou-se ao ex-banqueiro de investimentos Timothy Clew, 40, um colecionador de vinhos, e após sondar o mercado, começaram a operar The Wine Trust para valer em 2010.
A empresa de Mota e Clew, a TWT Investment Partners com sede em Ridgefield, Connecticut -, está buscando levantar até US$ 50 milhões para suas operações, sendo o único fundo estruturado de private equity a investir em vinhos nos EUA com uma meta específica superior a US$ 20 milhões. "Essa foi uma oportunidade de aplicar técnicas do tipo usado em Wall Street a uma classe de ativos na qual esse tipo de pensamento estava ausente", disse Clew.
O fundo compra vinho tanto físico como futuro - vinho já produzido e mantido em tonéis, porém ainda não engarrafado -, diretamente de negociantes, para garantir preços mais baixos e investir em volumes significativos originados dos produtores mais demandados. O fundo de investimentos procura vinhos com perspectivas de forte valorização, entre eles Bordeaux premier cru.
Mota diz que sua primeira incursão na gestão de vinhos nos moldes de gestão de outros investimentos implicou constituir uma "conta conjunta" de US$ 2 milhões com quatro amigos e comprar muitos ativos líquidos e monitorar o retorno potencial. Sua própria coleção tem cerca de 500 garrafas e seus prediletos são os borgonhas brancos e os bordeaux brancos.
Quando trabalhava no Credit Suisse, Clew ajudou a criar no banco um núcleo de assessoria a vinícolas, com vistas a fusões e aquisições. Ele já era um entusiasta de vinhos, e agora tem suas próprias 600 a 700 garrafas. Ele diz que a adega é "para beber".
Diferentemente de muitos fundos centrados em vinhos estruturados como fundos de hedge, The Wine Trust funciona mais como um fundo de private equity. O dinheiro investido fica, basicamente, travado durante até oito anos, o que ajuda os gestores a navegar um declínio. "Não precisamos nos preocupar em vender em meio a um mercado em queda", diz Clew.
O TWT foi estruturado em 2009. "Não foi fácil atrair investidores durante a crise, porque as pessoas não queriam deixar seu dinheiro preso por oito anos", diz Mota. "Nós entramos no mercado como gestores de primeira viagem com uma nova classe de ativos na pior crise desde a Grande Depressão."
Em 2010, os investidores começaram a demonstrar maior receptividade a ativos tangíveis. "É o que falamos desde o início: é um investimento em ativo real semelhante a um investimento em ouro, commodities e metais."
A gestão do fundo inclui beneficiar-se de ineficiências do mercado, como as variações de preços de vinhos em diferentes lugares. "Os vinhos mais demandados são os mesmos, quer estejamos em Nova York, Londres ou Hong Kong", disse Clew. "Você pode levar vinho de mercados mais baratos e vendê-los em mercados em alta."
Por Krista Giovacco | Bloomberg