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A brasileira Wine se tornou, em apenas dois anos, a maior loja de vinhos pela internet da América Latina vendendo garrafas de marcas famosas com grandes descontos

Por Bruno Galo
Quem aprecia vinhos sabe que comprar boas garrafas não é tarefa fácil. É preciso conhecer o produtor e a qualidade da safra em determinados anos. Além disso, há todo um ritual para se degustar o precioso líquido, que precisa ser armazenado e transportado de forma adequada para que chegue com suas características originais até o consumidor. 

É neste restrito grupo de pessoas apaixonadas e exigentes que a Wine, loja online fundada pelo baiano Rogério Salume, em 2008, está obtendo resultados surpreendentes. Com apenas dois anos de vida, a empresa despacha mensalmente mais de 70 mil garrafas. Há um ano, eram 34 mil. As entregas são feitas no máximo em 48 horas para mais de 600 cidades. 

Rogério Salume, presidente da Wine

Em algumas delas, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, o comprador recebe as garrafas, que saem do distante depósito localizado em Palmas, capital do Tocantins, em até 24 horas, em razão dos incentivos fiscais concedidos às empresas de logística. 
 
O faturamento, de R$ 9 milhões em 2009, deve chegar a R$ 20 milhões neste ano. “A relação entre site e cliente pela web sempre foi muito fria. Conseguimos torná-la mais quente”, afirma Salume. Um dos segredos da Wine para conseguir isso foi investir na qualidade do atendimento e do serviço, inspirado em dois modelos consagrados internacionalmente: as lojas online de sapatos americana Zappos.
 
com e a de produtos de luxo inglesa Net-A-Porter. Da primeira, a Wine eliminou os roteiros das pessoas que trabalham no call center. Da segunda, adaptou as belas caixas pretas em que são entregues as encomendas. No caso da loja brasileira, elas foram projetadas especialmente para acondicionar vinhos.
 
Mas não foi só isso. Salume apostou na compra de grandes volumes de marcas consagradas, oferecidas aos consumidores com grandes descontos. Em outubro, a empresa adquiriu seis mil garrafas, por mais de R$ 1 milhão, do rótulo Almaviva Epu, da vinícola chilena Almaviva, joint venture da francesa Baron Philippe de Rothschild e da chilena Concha y Toro. 

Logística: centro de distribuição da Wine, em Palmas, Tocantins. Entregas de vinhos em até 48 horas

Vinhos da Robert Mondavi, um dos principais produtores da Califórnia, nos EUA, são vendidos com descontos de 40% em relação ao preço médio de mercado para quem se associa ao ClubeW. A adega do site conta com dois mil rótulos de países como Argentina, França, Chile, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, entre outros, que custam de R$ 20 a R$ 3 mil. As garrafas ficam armazenadas em uma área de 5 mil metros quadrados, sendo 2 mil deles climatizados. 
 
A Wine prepara agora a criação de uma rede social para os amantes de vinho. Desde o seu início, a empresa está presente no Twitter, Orkut e Facebook. Nestes espaços, os clientes podem tirar dúvidas, comentar sobre os vinhos que adquiriram e trocar informações sobre harmonizações. 
 
Salume prevê uma receita de R$ 70 milhões já para 2013, amparado na projeção de que o comércio eletrônico brasileiro vai faturar R$ 14,5 bilhões em 2010, um crescimento de 35%. O número de compradores online deve dar um salto de 17,6 milhões para 23 milhões. Outro ponto a favor da Wine é a tendência de especialização do e-commerce, com surgimento de operações de nicho. “Esse é um modelo que tem crescido no Brasil”, afirma Alexandre Umberti, analista da consultoria e-bit.

Nº EDIÇÃO: 684 | Mercado Digital | 12.NOV - 21:00 | Atualizado em 12.11 - 21:17