Italianos, brilho natural


Já se foi o tempo em que vinhedos eram apenas paisagens agrícolas. O crescente interesse por vinho que se nota mundo afora tem incrementado sobremaneira o enoturismo, prática que se tornou ferramenta importante para produtores promoverem seus rótulos. Entre tantos lugares para visitar, a gastronomia também é levada em consideração, afinal o apreciador de vinhos sabe dar valor e vai atrás das coisas boas da vida. Raros são os lugares em que a natureza foi tão pródiga, reunindo paisagem belíssima, vinhos fantásticos e culinária rica, como no Piemonte, terra dos barolos, barbarescos e do "tartufo bianco", a rara trufa branca. 

Caprichos da natureza. São, acima de tudo, produtos de exceção. No caso dos vinhos, eu os considero intelectuais, refinados, diferenciados. Não são fáceis de entender à primeira vista e podem sair em desvantagem diante daqueles óbvios, demasiadamente opulentos e pesados. Necessitam de alguma atenção inicial, mas depois encantam, em particular ao acompanhar uma refeição. É uma característica Tais atributos precisam ser valorizados, razão pela qual devem compor pratos delicados, enriquecendo a receita, mas não sendo ofuscada por ela.A maneira tradicional e mais recomendada de utilizá-la não é na preparação da comida, mas servi-la na frente do cliente em finas lâminas cortadas com um apetrecho próprio, o "mandolin", espécie de ralador com apenas uma folha cortante. Em termos de pratos, a sugestão são risotos e massas sem molhos ("al burro", na manteiga), nhoques, polentas, fondutas (mistura de queijos fundidos) e, talvez o melhor de todos, simples ovos estrelados. 

Para os carnívoros, a pedida é um tartar, preparado com carne de boi crua, que tem textura pastosa e paladar leve. O cuidado em preservar as virtudes do tartufo deve ser estendido ao vinho que acompanhará o prato. Ainda não é hora de barolos e barbarescos. Esses devem ser pacientemente deixados para escoltar uma comida mais consistente, que, sem dúvida, virá na sequência. 

Até chegar esse momento, nada melhor que um dos belos brancos de que o Piemonte apropriadamente dispõe: o notório Gavi, o aromático e macio Roero Arneis e os produzidos com as variedades pouco conhecidas timorasso e favorita, bem interessantes. derivada da nebbiolo, casta com a qual são produzidos com exclusividade e que só se expressa bem nas condições naturais de geografia, clima e solo locais, fatores irreproduzíveis.Vale o mesmo para o tartufo bianco. 

Há trufas em alguns outros cantos do planeta, pretas sobretudo, e até brancas, mas nenhuma tem aroma e sabor tão intensos e instigantes. Nada substitui a trufa branca fresca, nem mesmo - qualquer tentativa de comparação é enganosa - utilizar pasta, manteiga ou óleo tartufado nas receitas. Especialistas, inclusive, condenam a grande maioria desses produtos industrializados. O cuidado em preservar as virtudes do tartufo deve ser estendido ao vinho que acompanhará o prato. Ainda não é hora de barolos e barbarescos. Esses devem ser pacientemente deixados para escoltar uma comida mais consistente, que, sem dúvida, virá na sequência. 

Até chegar esse momento, nada melhor que um dos belos brancos de que o Piemonte apropriadamente dispõe: o notório Gavi, o aromático e macio Roero Arneis e os produzidos com as variedades pouco conhecidas timorasso e favorita, bem interessantes. Os barolos e barbarescos devem ser reservados para outra especialidade gastronômica do Piemonte, os assados. 

Ricos em tanino e vivos em acidez, tudo em perfeito equilíbrio (nos bons produtores), o que lhes garante longevidade, são tintos que fazem ótima parceria com o sabor forte e a fibrosidade das carnes, em particular caças e cabritos. Os vegetarianos, porém, não precisam se abster de provar esses tintos tão especiais. Eles vão bem, compõem e até dão nome a um prato especial da região, o risoto al barolo. 

Embora barolos e barbarescos sejam os vinhos tintos piemonteses mais aclamados, outros rótulos têm lugar de destaque no cenário vinícola local. A começar pelo Nebbiolo d'Alba, produzido com a mesma uva dos nobres congêneres. Se não tem a mesma complexidade, é um bom primeiro passo para chegar neles. Mantém as características varietais e necessita de menos tempo para ser consumido.

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